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Sou Quase Tudo Aquilo Que Acredito.: O Ex-Comunista

O Ex-Comunista

 Dando uma boa olhada em uma revista, encontrei na última página um dos artigos mais significativos que li nos últimos tempos. Achei-o tão interessante que decidi postá-lo aqui no blog. Vale a pena tomar um poquinho do seu tempo lendo isso.
 O artigo está na edição 2.167 da revista Isto É e foi escrito pelo cantor, compositor e também colunista Zeca Baleiro. Segue abaixo o texto...

O Ex-Comunista

 " - O mundo precisa dos pobres. Demorei a entender isso, mas agora sei: o mundo sem
pobres é inconcebível.
 Aquela frase dita assim, de chofre, no meio de uma conversa informal, me chocou, confesso.
 - Por muito tempo algumas pessoas lutaram pelo fim da pobreza. Eu próprio fui um deles. Mas agora entendo que a pobreza é necesária ao equilíbrio do planeta - ele continuou.
 - Equilíbrio? Como assim?
 - Imagine um mndo só de ricos... Um mundo em que ninguém precise de nada, que seja autossuficiente e abastado...
 - Hmmm...
 - Viu? Você nem consegue imaginar, porque é mesmo impossível. São esses pobres que sustentam o capitalismo, não os ricos. São os pobres que fazem a roda do capital girar. Onde
há pobreza há desejo há consumo Se as pessoas consomem, a rede da economia gira, entende?
 Eu permanecia mudo. Embora reconhecesse que havia algo de tecnicamente correto naquele
raciocínio, sua fala me soava demasiadamente cínica. Prosseguiu em sua teoria.
 - Quem são os maiores vendedores de discos?
 - Os artistas populares, imagino - falei.
 - Pois é, artistas populares, aqueles que são ouvidos pelos pobres, certo?
 - Acho que sim.
 - Quais as lojas com maior receita? As lojas que vendem artigos populares, certo?
 - Acho que sim, também não sei...
 - Eu sei, vai por mim. Melhor ter um boteco em Pirituba do que uma loja de chapéus de grife no shopping Iguatemi O custo/benefício é mais vantajoso.
 - Nunca parei pra pensar nisso.
 - Rico não consome porque tem um desejo genuíno ou uma necessidade vital. Rico consome
pelo glamour, porque quer ser visto com o barco, o carro novo, a casa projetada pelo arquiteto hype... Pobre não. Pobre faz seu "puxadinho", ergue sua laje e fica feliz da vida, porque ainda que se orgulhe em mostrar pro vizinho, não o fez só por isso. Fez porque tinha necessidade daquilo. E quem precisa fazer faz. Quem precisa comprar compra.
 - Mas o capital está na mão dos ricos.
 - Sim, mas foi ganho à custa de pobres, não de outros ricos.
 - Sim, mas há serviços que pobres não consomem, apenas ricos.
 - Sim, há. Mas nenhuma fortuna é erguida sem a participação dos pobres.
 - Como assim?
 - Tá vendo aquele condomínio de luxo? Imagina quantos pobres trabalharam para erguê-lo? E
quantos outros agora trabalham para mantê-lo funcionando?
 - Não sei.
 - Muitos, acredite. Tá vendo aquele shopping acolá? Entre e faça uma enquete. Aposto que há
mais pobres circulando lá do que ricos.
 - Mas...
 - Acredite no que tô falando. Dinheiro para o rico é esporte. Para o pobre é paixão."
Esse texto com certeza nos faz pensar. Gera opinião, gera crítica. Talvez ele contenha uma dessas verdades que todos nós sabemos no nosso subconsciente e faça para você o sentido que fez para mim.
Talvez seja só um texto audacioso e chovinista. Mas com toda certeza vale a pena ler cada linha.



Espero que tenham gostado, apesar de não ter muito em comum com resto dos posts. Cya.

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3 comentários:

Juninho! disse...

Gostei bastante, esse texto meio que desperta o lado filosófico de cada um xD

E isso é mais que interessante, afinal de contas, filosofar, pensar, questionar e garantir a movimentação mental para que não sejamos burros o bastante pra aceitar qualquer coisa é sempre muito, muuuuuuuuito bom ! :D

Amanda disse...

Noossa, adoreei!

Hebert Costa disse...

interessante...

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